Literacia dos Oceanos: Construindo um Futuro Marítimo para o Brasil
Literacia dos Oceanos: Construindo um Futuro Marítimo para o Brasil

Literacia dos Oceanos: Construindo um Futuro Marítimo para o Brasil

Prezados leitores, a Literacia dos Oceanos é um tema que me fascina! Como doutorando em Estudos Marítimos, mergulho a cada dia na complexa relação entre o oceano e a sociedade.

A leitura do guia “Literacia dos Oceanos e a Região do Atlântico”, publicado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (UNESCO-CIO) em 2024, aprofundou minha compreensão sobre a Cultura Oceânica e me inspirou a refletir sobre seu papel crucial na construção de uma mentalidade marítima no Brasil.

A Literacia dos Oceanos, como define o guia, vai além do conhecimento científico sobre o mar. É entender a profunda interação entre o oceano e os seres humanos, reconhecendo sua influência em nossas vidas e a responsabilidade que temos em proteger esse ecossistema vital. Para construir essa mentalidade marítima, que reconhece o mar como parte da identidade e do desenvolvimento da nação, a educação é fundamental.

O guia da UNESCO-CIO apresenta uma abordagem multidisciplinar, integrando áreas como ciências naturais, história, geografia, economia e cultura. Essa visão holística é essencial para compreender a complexidade do oceano e sua relação com a sociedade. A inclusão de planos de aula e exemplos de iniciativas inspiradoras, como a Rede de Escolas Azuis de Portugal oferece aos educadores ferramentas valiosas para levar a Literacia dos Oceanos para a sala de aula.

É claro que existem desafios a serem superados, como a falta de investimento em educação, a complexidade dos conceitos para diferentes faixas etárias e a necessidade de adaptar o conteúdo à realidade local. Superar esses obstáculos exige um esforço conjunto de governos, instituições de ensino, organizações da sociedade civil e setor privado.

E o Brasil, com seus mais de 7.400 km de costa e uma rica biodiversidade marinha, que papel pode desempenhar nesse cenário? Essa riqueza natural representa um enorme potencial para o desenvolvimento sustentável do país, mas também demanda atenção especial para sua conservação.

Felizmente, já existem iniciativas promissoras em andamento. Projetos como o Tamar, dedicado à conservação de tartarugas marinhas, e o Baleia Jubarte, que atua na proteção das baleias jubarte, realizam importantes trabalhos de educação ambiental e conscientização. Instituições de pesquisa, como o Instituto Oceanográfico da USP e o CENPES/Petrobras, desenvolvem pesquisas e tecnologias para o uso sustentável dos recursos marinhos.

Algumas escolas e universidades já começam a incorporar a Literacia dos Oceanos em seus currículos, com projetos interdisciplinares que abordam temas como a biodiversidade marinha, a poluição, a pesca e o impacto das mudanças climáticas. No entanto, para que a Cultura Oceânica se espalhe pelo país, precisamos de um esforço conjunto.

É preciso investir na formação de professores, na produção de materiais didáticos adequados à realidade brasileira e na criação de políticas públicas que incentivem a pesquisa e a inovação na área marinha. O Brasil tem muito a ganhar com o desenvolvimento de uma mentalidade marítima.

A exploração sustentável dos recursos marinhos, o crescimento da Economia Azul, a geração de empregos e o avanço científico e tecnológico são apenas algumas das oportunidades que o oceano nos oferece.

Para que o Brasil possa usufruir plenamente desse potencial, a Literacia dos Oceanos é crucial, garantindo que a sociedade esteja consciente da importância do mar para o desenvolvimento do país e para o seu próprio bem-estar.

Imagino um futuro promissor para o Brasil, com a Consciência Marinha integrada aos currículos escolares e à cultura da nossa sociedade. Para que essa visão se torne realidade, é fundamental que escolas, universidades, ONGs e o setor privado somem forças com o governo, cada qual desempenhando seu papel na construção de um futuro sustentável para o nosso oceano.

As escolas, adaptando seus currículos e investindo na formação de professores; as universidades, fomentando pesquisas e formando profissionais engajados; as ONGs, levando a educação ambiental para as comunidades costeiras; o setor privado, investindo em tecnologias e práticas inovadoras; e o governo, criando políticas públicas que incentivem a conservação e o uso responsável dos recursos marinhos.

Deste modo, convido você, leitor, a se aprofundar no guia “Literacia dos Oceanos e a Região do Atlântico” e a refletir sobre como podemos, juntos, contribuir para a construção de uma mentalidade marítima no Brasil.

Junte-se a mim nessa jornada em prol de um oceano saudável e de uma sociedade marítima consciente e responsável.

Mentalidade Marítima – Unindo-nos pelo poder do mar. Sigamos!

Fonte:

IOC-UNESCO. 2024. Ocean Literacy and the Atlantic Region – A Toolkit for Educators. Venice, UNESCO. (IOC Manuals and Guides, N° 95).